Freqüento a Saison, SPA localizado em Itaipava, há mais de dez anos. O lugar é maravilhoso, os funcionários muito atenciosos, a comida ótima (embora pouca, ou melhor, pouquíssima), mas satisfaz plenamente. Sempre reservo pelo menos dez dias, durante o ano, para reciclar o corpo e o espírito por lá. Quem já freqüentou um SPA, sabe que a conversa preferida dos hóspedes é: em primeiro lugar, comida; em segundo, comida; em terceiro, comida. Depois vem: as últimas novidades em matéria de tratamentos de obesidade e beleza; e piadas. Assuntos sérios, como o novo plano econômico, o aumento dos combustíveis ou as privatizações, não dão IBOPE em um SPA. Têm exceções, é claro! Mas a maioria só se preocupa com sua agenda: hora da caminhada, da aula de hidroginástica, da aeróbica, da massagem, do shiatzu, e das refeições (principalmente).

Bem, mas vamos ao GATO. Não é o que você está pensando. Era um bichano de verdade, um felino. Neste período fui para Saison com um grupo de amigos maranhenses que, por sinal, foi o grupo mais harmonioso e coeso de que já participei. Saímos de lá nos sentindo uma grande família, mais magra e feliz. Já estou fugindo novamente do gato... Ia eu tranqüilamente pela alameda florida que leva ao posto médico, para me pesar em jejum, quando encontro a Bety que ia para o mesmo lugar e com o mesmo objetivo: chegar ao restaurante informando em alto e bom tom, quanto quilos já tínhamos perdido, para causar inveja as colegas. Faz parte da alma feminina, tripudiar em cima das gordurinhas e celulites das amigas.

Foi aí...Que de repente aquele gato, lindo e gordo, atravessou nosso caminho e, provocantemente, começou a andar na nossa frente. Estávamos as duas a admira-lo, quando a Bety falou: "Dizem que aqueles churrasquinhos que vendem na rua são feitos de carne de gato". Respondi na mesma hora que eu achava muito gostoso. Ela me olhou e perguntou: "Não me digas que estás pensando..." Respondi: o mesmo que tu pensaste. "Caímos" as duas em uma sonora gargalhada.Ainda estávamos rindo quando entramos no restaurante para o café da manhã. Nos perguntaram o motivo de tanta alegria e contamos sobre o nosso encontro com o churrasquinho (desculpem, foi mal!), com o gatão.Para nossa surpresa um hóspede que era militar falou bem sério: "se o problema é matar o bicho, deixem comigo, pois trouxe minha arma". PAUSA...Silêncio total.Aí ouvimos a voz calma e suave da Tereza: "Gente, se o problema é temperar, a Jane está aqui e tem uma mão de ouro".

Ayrton, um grande amigo que entre outras muitas qualidades, tem um senso de observação para detalhes apuradíssimos, afirmou: "pessoal, o cheiro de churrasco sente-se de longe e a Elisabeth (dona da Saison) vai descobrir e não vai gostar". Bobagem! Diz a Bety, com seu jeito de garota travessa: "Fazemos o churrasco atrás do prédio da fisioterapia, o cheiro vai subir a serra e ninguém vai sentir".Neste momento entra no restaurante o Paulo, nosso treinador, convocando para a caminhada matinal, e dizendo que não entendia como nós demorávamos tanto para tomar "aquele" café da manhã (uma xícara de café com leite e uma torrada). Fomos todos caminhar e cuidar das nossas outras atividades. Ninguém (que eu saiba) voltou a falar no assunto naquele dia.

No dia seguinte não encontrei o Gato e nem nos dias subseqüentes. E olha, que procurei!
Esta estória não tem um THE END. Até hoje não sei, se o Gato pressentiu que corria risco de vida e fugiu, OU...Se fizeram o banquete e não me convidaram.
Fim parcial. Ainda hei de descobrir!...

Heliete Lago.